Transcrevemos, abaixo, publicação em jornal sobre as relações dos Fundos de Pensão (PREVI, PETROS e FUNCEF) com a empresa Sete Brasil e Petrobrás.
Informamos que em dezembro de 2013, conforme constante no Relatório, a PREVI tinha R$ 6,2 bilhões investidos na Petrobrás e R$ 96 milhões no Fundo de Investimentos em Participações - Sondas - na Sete Brasil, criada em 2010.
O Sr.Pedro Barusco, ex-Gerente Executivo da Petrobrás, hoje investigado na operação Lava - Jato foi Diretor da Sete Brasil.
As ações da Petrobrás que em 2008 chegou a R$ 46,00 e entre 2009 a 2012 girou em torno de R$ 35,00 em dezembro de 2013 fechou a R$ 17,00 e hoje estão cotadas a R$ 14,00. Apesar da variação expressiva, não podemos afirmar que a PREVI arcou com prejuízo de bilhões porque não vendeu na baixa. O valor de Petrobrás vem contribuindo ano a ano para a queda do nosso superávit.
Abraço,
Carvalho.
“Brasil
pagou por sondas ainda no papel
Empresa
já desembolsou US$ 6,5 bi, mas alguns estaleiros nem estão prontos para
desenvolver projetos
Bruno Rosa e Ramona Ordoñez
A Sete
Brasil já pagou aos cinco estaleiros que construirão as 29 sondas de
exploração do pré-sal US$ 6,5 bilhões (cerca de R$ 16,2 bilhões),
aproximadamente 30% dos US$ 22,2 bilhões (R$ 55,5 bilhões) contratados, segundo
o balanço financeiro da empresa. Do volume de recursos liberados, disse uma
fonte do setor, a empresa já começou a pagar por sondas que sequer tiveram suas
obras iniciadas. Só cinco estão em construção. A previsão é que a última seja
entregue em 2019.
Sem obter até agora a
primeira parcela do financiamento do BNDES, de R$ 10 bilhões, a Sete Brasil deve concluir a primeira sonda no
início do segundo semestre de 2015 no estaleiro Jurong Aracruz, no Espírito
Santo, ainda em obras.
PETROBRAS TEM 9,75% DE AÇÕES
A Sete
Brasil nasceu em dezembro de 2010 para viabilizar a construção das
sondas do pré-sal no Brasil com estaleiros nacionais. Entre os acionistas,
estão a Petrobras, com 9,75% das ações,
os bancos Bradesco, Santander, BTG
Pactuai e os fundos de pensão Petros, Previ Funcef.
A Sete Brasil será a dona das sondas,
que serão afretadas para a Petrobras.
Segundo uma fonte, a Sete
Brasil foi desenhada a partir de 2008 na Diretoria de Engenharia da Petrobras,
chefiada na época por Renato Duque, preso na Operação Lava-Jato. Duque teria
indicado Pedro Barusco para uma diretoria na Sete Brasil. Barusco, ex-gerente
da estatal e também investigado na Lava-Jato, admitiu ter enviado para o
exterior dinheiro fruto de propina em obras da Petrobras.
Na época em que a Sete Brasil
surgiu, sabia-se que o pacote das sondas não podería ficar dentro da estatal,
que já apresentava alto nível de endividamento.
Segundo um documento da Sete
Brasil, ao qual O GLOBO teve acesso, a empresa tem contrato com a Petrobras
para afretar 28 sondas por até 20 anos a um custo de US$ 87 bilhões (R$ 217
bilhões).
Segundo essa fonte, como a
Sete Brasil já gastou um terço do investimento previsto com dois estaleiros em
construção (Jurong e o Enseada Indústria Naval, na Bahia) e outros dois em
expansão (Atlântico Sul, em Pernambuco, e o Rio Grande, no Sul), há o risco de
a companhia precisar de mais recursos antes de entregar as últimas sondas,
forçando a uma renegociação dos contratos com a Petrobras. Dos cinco estaleiros
contratados, só o Brasfels, de Angra dos Reis, não passa por reformas.
AUDITORIA EM CONTRATOS
A Sete Brasil abriu auditoria
interna nos seus contratos com os estaleiros, após a notícia de que Barusco
está ligado ao esquema de corrupção na Petrobras alvo da Lava-Jato.
- A questão é que a Sete
Brasil firmou com os estaleiros um contrato que prevê uma grande antecipação de
recursos financeiros em relação às obras físicas. Há risco real de que faltem
recursos para concluir as últimas sondas dos estaleiros, o que pode acarretar
em aditivos. Ou seja, a Sete Brasil terá de renegociar o contrato de
afretamento com a Petrobras - disse uma fonte, frisando que os acionistas da
Sete Brasil rechaçam a possibilidade de aportar mais recursos.
O Atlântico Sul, que tem
entre os sócios Queiroz Galvão e Camargo Corrêa, empresas que tiveram
executivos presos na Lava-Jato, fechou contrato para construir sete sondas.
Apesar de a primeira estar prevista para ser entregue em fevereiro de 2016 e a
última em julho de 2019, o estaleiro já recebeu US$ 1,692 bilhão de US$ 4,637
bilhões - 36% do total.
O Enseada da Indústria Naval
tem entre os sócios Odebrecht, OAS e UTC - também
investigadas na Lava-Jato.
Com a primeira sonda para ser entregue em julho de 2016, o estaleiro já recebeu
US$ 1,055 bilhão, 22% dos US$ 4,791 bilhões. O Jurong, também em construção,
com seis sondas, recebeu US$ 1,338 bilhão, ou 28,14% dos US$ 4,754 bilhões.
SETE JUSTIFICA ANTECIPAÇÃO
Em relação a esses
pagamentos, a Sete Brasil disse que a parcela adicional de antecipação aos
estaleiros "foi prevista como forma de atrair novos players, ainda sem
estaleiro estruturado (em construção)". A empresa ressaltou que o
"calendário de pagamento em vigor para os contratos de Engenharia,
Suprimento e Construção das sondas segue as boas práticas, a nível
mundial".
O coordenador da Graduação e
Pós-Graduação em Ciências Contábeis e Controladoria do Ibmec/RJ, Raimundo
Nonato Silva, explicou que o preocupante é que a Sete Brasil ainda não gera
caixa e depende do aporte de sócios ou de empréstimos para honrar compromissos.
- O problema é que se pagou
adiantado e precisa agora honrar seus contratos. A Sete agora está muito
alavancada (endividada). Será difícil um banco privado aportar mais recursos, e
ela não oferece mais garantias. E o BNDES, com todas essas questões (o
escândalo na Petrobras), tomará mais cuidado para conceder o empréstimo a uma
empresa que não apresenta equilíbrio econômico-financeiro - afirmou o
professor.
Segundo o professor do Ibmec,
a Sete Brasil ainda não é operacional, pois não gera caixa. O excesso de
passivos (R$ 10,9 bilhões) em relação aos seus ativos foi citado pela
PriceWaterHouseCooper, que auditou o balanço da companhia no terceiro trimestre
deste ano. Para o professor, isso faz com que o equilíbrio econômico-financeiro
fique em condição muito instável”.